Introdução a gestalt

Olá galera, estou aqui pra falar um pouco sobre a teoria da Gestalt e como ela é aplicada em comunicação. Esse artigo é apenas uma introdução a Gestalt, pretendo com o passar do tempo escrever artigos mais detalhados e com exemplos sobre alguns tópicos que falo aqui e sobre os vários segmentos da Gestalt. Bom, […]

Olá galera, estou aqui pra falar um pouco sobre a teoria da Gestalt e como ela é aplicada em comunicação. Esse artigo é apenas uma introdução a Gestalt, pretendo com o passar do tempo escrever artigos mais detalhados e com exemplos sobre alguns tópicos que falo aqui e sobre os vários segmentos da Gestalt.

Bom, chega de lero-lero e vamos à prática.

 1. Introdução

A psicologia da Gestalt é uma das teorias mais coerentes e coesas da psicologia aplicada ao design. Mas como assim? Simples, é a teoria de psicologia mais “unida” se assim podemos dizer ao design, as qualidades da gestalt são ligadas e aplicadas em difersas áreas de conhecimento fora da psicologia, como é no caso do design.  Trata-se então de um termo de origem alemã com uma difícil tradução¹ do qual a palavra que mais se aproxima em português seria talvez “forma” ou “configuração” mas seu o significado dessas palavras não é aceito por não corresponder exatamente ao real significado da gestalt em psicologia.

Tá bom, chega de português e voltamos a gestalt, Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka, construíram as bases do que hoje é tratado como gestalt. Define-se como uma série de fenômenos que ocorrem na percepção da forma, conforme Fraccaroli (1982, p. 10) se trata de  “organizações, originárias da estrutura cerebral são, pois, espontâneas, não arbitrárias, independentes de nossa vontade e de qualquer aprendizado.”, com base nisso  compreende-se que a gestalt é um fenômeno natural que ocorre em nosso cérebro. O fato do usuário final, ou seja, o cliente do seu cliente, o usuário do site, a pessoa enfim que será afetada pela peça de comunicação conhecer ou não os princípios da gestalt não altera o modo como interpreta e analisa as formas.

Simplificando… O fato da pessoa conheçer ou não os princípios da gestalt não muda a forma como ela é afetada pela mesma, porém para o designer com a aplicação correta dos seus princípios pode desenvolver peças com capacidade de influenciar na percepção, portanto na interpretação do usuário. Filho (2008, p. 25) afirma que “vemos as coisas como as vemos por causa da organização (forças internas) que se desenvolve a partir do estímulo próximo (forças externas)” complementando assim a teoria, detalhando também o trajeto da percepção da forma.”

 2. O que mudou com a descoberta da gestalt?

Acreditava-se antigamente que a percepção da forma se dava por objetos separados, ou seja, interpretados separadamente por nossa mente. Mas o que isso quer dizer? Significa que acreditava-se que quando eu olho para uma árvore com folhas, galhos, flores, frutos, pássaros minha mente interpretaria cada ítem do objeto árvore… deu pra entender? É como se prestassemos extrema atenção em cada detalhe, cada peça que forma um objeto e interpretassemos os detalhes separadamente antes de perceber o objeto. Mas isso está errado, explico melhor abaixo.

Com a descoberta da gestalt comprovou-se o contrário, que analisamos a forma como um todo, agrupando todos os seus elementos e criando uma única percepção, Fraccaroli diz que (1982, p. 13) “Não podemos perceber unidades visuais isoladas, mas sim, relações: um ponto na dependência de outro ponto”, complementando Filho (2008, p. 19) afirma que “Não vemos artes isoladas, mas relações. Isto é, uma parte na dependência da outra parte. Para a nossa percepção, que é resultado de uma sensação global, as partes são inseparáveis do todo e são outra coisa que não elas mesmas, fora deste todo”.

Exemplificando… Voltando a nossa árvore… Quando olhamos pra ela nossa mente percebe um objeto, que até então não é uma árvore e sim um objeto estranho gordinho em cima e fino embaixo e colorido. Após essa primeira impressão, caso o objeto estranho chame nossa atenção paramos e analizamos melhor o mesmo. Ai então percebemos que é uma árvore, que possui folhas, frutos e etc.

Muitas vezes a “primeira imagem” que formamos do tal objeto não tem sequer relação com o objeto real, é o que aconteçe com a ilusão de ótica. IMPORTANTE!!! GESTALT NÃO É ILUSÃO DE ÓTICA, é na verdade graças a ela que se pode comprovar em teoria como e porque ocorre uma ilusão de ótica.

Através desta teoria são explicadas emoções e sensações obtidas pela interpretação das formas, outro aspecto também explicado com essa teoria, foi a capacidade de que como vemos a imagem como um todo, e não objetos separados, nossa mente pode criar e desenhar objetos que na verdade não estão lá. O fenômeno de criar elementos que na verdade não existem é conhecido como ilusão de ótica, exatamente como disse acima, entretanto não devemos confundir gestalt com ilusão de ótica, este é um evento isolado presente em alguns exemplos de gestalt aplicada.

 3. Princípios da gestalt

A teoria é composta de vários princípios, dentre eles pode-se citar o fechamento, segundo Fraccaroli (1982, p. 14) “As forças de organização dirigem-se, espontaneamente, para uma ordem espacial, que tende para a unidade em ‘todos’ fechados, segregando uma superfície, tão completamente quanto possível, do resto do campo.”, ou seja, nossa mente procura percorrer caminhos conhecidos, como formas básicas nas imagens do cotidiano, e dirige a leitura nesse sentido. Pode também usar de elementos com formas diversas e agrupá-los em um formato simplificado, como na imagem abaixo, onde não existe um círculo, e sim vários elementos com formas irregulares e que não se colidem. Através do princípio do fechamento identificamos a forma de um círculo formada pelos continentes.

Figura 1: Círculo formado por fechamento. Fonte: o autor.
Figura 1: Demarcação do círculo formado por fechamento. Fonte: o autor.

Outro princípio a ser apresentado trata-se de proximidade e semelhança, onde proximidade conforme Fraccaroli (1982, p. 20) ocorre quando “Elementos ópticos, próximos uns aos outros, tendem a ser vistos juntos, isto é, a constituir unidades. […]” e semelhança aborda “[…] A igualdade de forma e cor […]” com isso (1982, p. 21) “[…] desperta a tendência dinâmica de constituir unidade, isto é, de estabelecer agrupamentos das partes semelhantes”. Conclui-se então que proximidade aplica-se a elementos de formato semelhante, próximos uns aos outros. Eles tendem a ser agrupados como único elemento, lembrando que os dois fatores andam juntos (proximidade e semelhança), elementos com formatos diferentes não são agrupados e sim identificados separadamente conforme Fraccaroli (1982, p. 22) explica dizendo que “A semelhança é fator mais forte de organização que a proximidade. A simples proximidade não basta para explicar o agrupamento de elementos. É necessário que estes tenham qualidades em comum.”, sendo assim quadrados e círculos não podem ser agrupados, pois não apresentam qualidades em comum, porém o aglomerado de círculos próximos uns dos outros conforme afigura abaixo pode facilmente ser identificado como grupos distintos de círculos.

Figura 3: Proximidade e semelhança. Fonte: o autor.

Definindo pregnância da forma Fraccaroli (1982, p. 23) nos diz que “Segundo esse princípio, as forças de organização da forma tendem a se dirigir tanto quanto o permitem as condições dadas no sentido da clareza, da unidade, do equilíbrio”, resumindo, trata-se da capacidade do objeto de projetar-se, no sentido de exibir-se e assim ser facilmente identificado pela mente. Quanto mais elementos e rebuscados forem os mesmos, menor será a pregnância da forma e mais difícil será a legibilidade junto a compreensão do objeto feita por nossa mente.

Concluindo esse artigo, sim está acabando =] eu trago pra voces outra citação de Fraccaroli (1982, p. 26) dizendo que “as forças de organização podem destruir o valor da experiência”, sendo assim reafirmando o que foi dito acima, onde o indivíduo não precisa conhecer os princípios da gestalt para ser influenciado por ela. Seus princípios aprofundam-se muito mais além coforme pretendo trazem em outros posts pra vocês. ^^

Por fim, ainda não acabou? Não ¬¬ mas falta pouco =] a importância do uso da “boa gestalt” em um projeto se dá pela influência que seus princípios exercem em nós “seres humanos” e assim afirma Fraccaroli (1982, p. 27) dizendo que “Na formação de imagens, o equilíbrio, a clareza, a unidade e simplicidade constituem, para o homem, uma necessidade e é por isso que procuramos esses elementos e os consideramos indispensáveis”.

Espero que tenham gostado do post, apesar se ser estupidamente longo denovo ¬¬ mas.. até a próxima. Se você tiver dúvidas, sugestões ou correções a esse artigo, porfavor entre em contato comigo =p

 

Referencias

FILHO, João Gomes. Gestalt do objeto:sistema de leitura visual da forma. 8ª edição. São Paulo: Escrituras Editora, 2008.

FRACCAROLLI, Caetano. A percepção da forma e sua relação com o fenômeno artistico: o problema visto através  da gestalt. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, 1982.

 

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Cometários

  1. Parabéns,

    Sou admirador da Teoria da Gestalt, considero uma das teorias mais completas e através dela podemos entender a orígem dos conflitos, processo de aprendizagem e sua análise com a comunicação ficou muito interessante.

    até mais

    Prof. Daniel

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